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Dossiê revela que 122 pessoas trans e travestis foram assassinadas no Brasil em 2024; maioria jovem, negra e pobre

Relatório da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) aponta que maior parte dos crimes ocorreu em espaços públicos, com 'requintes de crueld...

Dossiê revela que 122 pessoas trans e travestis foram assassinadas no Brasil em 2024; maioria jovem, negra e pobre
Dossiê revela que 122 pessoas trans e travestis foram assassinadas no Brasil em 2024; maioria jovem, negra e pobre (Foto: Reprodução)

Relatório da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) aponta que maior parte dos crimes ocorreu em espaços públicos, com 'requintes de crueldade'. Vítima mais nova tinha 15 anos; estado com maior número de assassinatos é São Paulo. Pessoas trans e travesti assassinadas no Brasil em 2024 Reprodução Um dossiê divulgado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) nesta segunda-feira (27), em Brasília, revela que 122 pessoas trans e travestis foram assassinadas no Brasil em 2024. O número apresenta uma pequena queda em comparação a 2023, ano que registrou 145 mortes. 👉 Segundo a Antra, a vítima mais jovem, em 2024, tinha 15 anos. 👉 O perfil das vítimas é majoritariamente de jovens trans negras, empobrecidas, nordestinas e assassinadas em espaços públicos, com requintes de crueldade. 👉 O estado com o maior número de casos foi São Paulo. 👉 O dossiê destaca que, pelo 16º ano consecutivo, o Brasil continua sendo o país que mais mata pessoas trans no mundo (veja mais abaixo o número de casos nos últimos 10 anos e o perfil das vítimas). ✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 no WhatsApp. As mortes de Bianca Castyel, Luane Costa da Silva, Naira Victória Neris, Neuritânia Pacheco, Santrosa, Amanda Eduarda, Wevellyn Marcelly, Jhenifer Luiza, Daniela e Jullyane Alexsandra estão entre os casos registrados (veja fotos acima). Segundo a presidente da Antra, Bruna Benevides, o dossiê é uma ferramenta de denúncia, monitoramento e memória, além de qualificação de dados e informações. Bruna diz que a pesquisa auxilia na elaboração de políticas públicas e proporciona um debate para a erradicação da violência. O dossiê é uma denúncia gritante de que a sociedade tem falhado com a comunidade trans, que precisa assumir portanto compromisso na defesa da garantia da vida para nossa comunidade, diz Bruna Benevides. Número de assassinatos por estado Dos assassinatos em 2024: 117 foram contra travestis e mulheres trans/transexuais 5 contra homens trans e pessoas transmasculinas Veja os números de mortes por estado e o Distrito Federal, segundo a Antra: São Paulo: 16 casos Minas Gerais: 12 casos Ceará: 11 casos Rio de Janeiro: 10 casos Bahia, Mato Grosso e Pernambuco: 8 casos cada Alagoas: 6 casos Maranhão, Pará e Paraíba: 5 casos cada Piauí e Rio Grande do Sul: 4 casos cada Espírito Santo e Santa Catarina: 3 casos cada Goiás, Rondônia e Sergipe: 2 casos cada Amapá, Amazonas, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e Paraná: 1 caso cada No exterior: 1 caso Sem localização determinada: 1 caso Acre, Rio Grande do Norte e Roraima: não foram encontrados registros A presidente Bruna Benevides observa que os estados que possuem maior número de mortes são, geralmente, aqueles que possuem maior dificuldade de implementação de políticas públicas que assegurem direitos à comunidade trans e travesti. Geralmente vem de administrações que não têm dado a devida atenção a esses números, diz Bruna Benevides. A presidente ainda destaca a importância de pensar uma política específica para enfrentar esses assassinatos. Caso contrário, a resposta que fica dos estados é que eles não reconhecem este problema, não reconhecem os assassinatos de pessoas trans como algo importante e que, por consequência, faz com que eles não destinem recursos diversos, fala a presidente. Veja o perfil das vítimas, segundo o dossiê Jovens trans entre 15 e 29 anos; Pessoas empobrecidas, em contexto de alta vulnerabilidade social, que utilizam o trabalho sexual como fonte primária ou secundária de renda; Dentre os 86 casos em que foi possível determinar a raça/cor das vítimas, 78% eram pessoas trans negras. Esse processo de vulnerabilização, marginalização e empobrecimento acaba colocando essas pessoas em maior risco de exposição a essas violências, diz Bruna Benevides. Cláudia Santos, avó de Ana Luisa, jovem trans assassinada em SP. Uma das vítimas em 2023, Ana Luisa, tinha apenas 19 anos. Ela saiu do interior de Alagoas em busca de oportunidades em São Paulo e foi assassinada. A avó, Cláudia Santos, diz que tem muita saudade da neta e não se conforma com o crime (veja vídeo acima). Morte no DF foi dentro de penitenciária Complexo Penitenciário da Papuda Paulo H. Carvalho/Agência Brasília Segundo a Antra, o Distrito Federal registrou um assassinato de pessoa trans em 2024. O caso é referente à morte de Rafaela Lorena Soares da Rocha, que foi encontrada morta na noite de 10 de dezembro dentro da penitenciária Papuda, na ala destinada às custodiadas transgênero. Segundo a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape), a morte de Rafaela foi registrado na 30ª Delegacia de Polícia de São Sebastião e o caso está sob investigação da Polícia Civil. Em 10 de dezembro, de acordo com a Seape, os policiais penais que estavam de plantão ouviram gritos de socorro por volta das 22h; Os agentes encontraram Rafaela caída ao chão; Rafaela estava em uma cela acompanhada de duas outras custodiadas, que informaram que a vítima teria caído de uma mureta que separa o banheiro da cela; Os policiais acionaram o SAMU e o Corpo de Bombeiros; Ao chegarem ao local, as equipes constataram o óbito de Rafaela. Combatendo a violência A presidente da Antra destaca a necessidade de ações para o combate à violência contra travestis e transsexuais, entre elas: Promover ações educativas e campanhas de promoção da dignidade dos direitos trans pelo governo federal e estados; Cotas para pessoas trans nas Universidades; Protocolos para escolas sobre como lidar em casos de violência transfóbica; Assegurar o nome social e identidade de gênero; Contratação e formação de profissionais trans; Capacitação, qualificação e formação técnica na saúde para o atendimento da comunidade trans; Qualificação de agentes da segurança pública e produção de dados; Linha específica de atendimento na assistência social. LEIA TAMBÉM: VISIBILIDADE TRANS: 'Marsha' Nacional reúne milhares na Esplanada dos Ministérios COTAS: Universidade de Brasília (UnB) aprova cotas para pessoas trans Leia mais notícias sobre a região no g1 DF.